sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Consumo de ovos ou colesterol em adultos mais velhos não está ligado a risco de diabetes tipo 2

   Entre adultos mais velhos com ingestão limitada de ovos, não houve associação aparente entre o consumo de ovos ou o colesterol na dieta e risco aumentado de desenvolver diabetes tipo 2, de acordo com os resultados de um estudo prospectivo relatado na edição de agosto do American Journal of Clinical Nutrition.

  
 “O diabetes melito tipo 2 (DM2) permanece uma questão importante de saúde pública nos Estados Unidos”, escreveu Luc Djoussé, do Brigham and Women's Hospital e da Escola Médica de Harvard, Boston, Massachusetts, e colegas. “Há dados limitados e inconsistentes sobre a associação entre consumo de ovos e glicemia de jejum ou desenvolvimento de diabetes. Avaliamos a associação entre o consumo de ovos e o desenvolvimento de diabetes em adultos mais velhos”.
   A coorte do estudo consistiu de 3.898 homens e mulheres que foram inscritos no Cardiovascular Health Study conduzido entre 1989 e 2007 e completaram anualmente questionários alimentares organizados com figuras para determinar o consumo de ovos. O início de diabetes tipo 2 foi determinado por dados anuais sobre o uso de agentes hipoglicemiantes e em níveis de glicemia plasmática. Os riscos relativos ajustados foram calculados a partir de modelos de risco proporcional de Cox.


   Houve 313 novos casos de diabetes tipo 2 durante o seguimento médio de 11,3 anos. Em pessoas que relataram consumo de ovos de nunca, 1 ao mês, 1 a 3 ao mês, 1 a 4 por semana e quase diariamente, as taxas cruas de incidência de diabetes tipo 2 foram 7,39, 6,83, 7,00, 6,72 e 12,20 para 1.000 pessoas-ano, respectivamente. O consumo de ovos não foi associado com risco aumentado de diabetes tipo 2 em nenhum dos sexos ou em ambos, baseado nos modelos ajustados para multivariáveis.
   O colesterol na dieta não foi associado com o desenvolvimento de diabetes tipo 2 em uma análise secundária (P para tendência = 0,47). Apesar de existir pequenas diferenças analíticas significativas nos níveis de glicemia e insulinemia em jejum e medidas de resistência insulina associados com o consumo de ovos, essas diferenças não tiveram significado clínico.

  
Limitações deste estudo incluíram o pequeno número de participantes que consumiu ovos diariamente ou mais, possíveis efeitos do acaso ou de confundidores residuais, falta de dados sobre outros alimentos geralmente consumidos com ovos ou sobre o preparo dos mesmos e possíveis erros de classificação do diabetes e/ou da dieta. Além disso, os achados podem não ser generalizáveis para populações mais jovens se os efeitos biológicos do consumo de ovos e colesterol na dieta diferirem com a idade.
   “Nessa coorte de adultos mais velhos com consumo limitado de ovos, não houve associação entre o consumo de ovos ou colesterol na dieta e risco aumentado de desenvolver DM2”, escreveram os autores. “O consumo de ovos não foi associado com diferenças clinicamente significativas nas concentrações de glicose ou insulina ou nas medidas de resistência insulínica apesar de pequenas diferenças analíticas absolutas estatisticamente significativas”.

Autora: Dra. Laurie Barclay

Am J Clin Nutr. 2010;92:422-427.

Informações sobre a autora: Dra. Laurie Barclay. Escritora e revisora freelance, Medscape, LLC.