sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Artigo: As superbactérias: o que está verdadeiramente acontecendo?

Dr. Caio Roberto Salvino*

   Recentemente, em diversos jornais de grande circulação, notícias sobre infecções graves pelas chamadas de “superbactérias” foram publicadas, inclusive com diversas mortes causadas por elas.
    Desde então, certo pânico toma conta da população, principalmente dos que tem entes queridos internados em hospitais esperando por uma cirurgia, tratamento ou mesmo observação. Mas quem afinal são essas “superbactérias”? Quem são estes novos vilões?

   Primeiramente, gostaria de dizer que não são nem superbactérias, nem novos e muito menos vilões. São seres vivos, e seres vivos lutam pela sua existência e sobrevivência para a perpetuação da espécie. Assim ocorre desde o princípio.
   Em 1683, um holandês chamado Antonie van Leeuwenhoek, utilizando um microscópio descreve pela primeira vez o que possivelmente seriam bactérias. A observação era de um esfregaço feito do resíduo de seus dentes, onde descreveu formas bacilares. De água parada e outras amostras, descreveu diversas formas conhecidas pelos atuais microbiologistas: bacilos, cocos, espiroquetas, flagelados de vida livre, etc. Eram os “animalículos”

   Já a palavra “bactéria” foi introduzida em 1828 pelo microbiologista alemão Christian Gottfried Ehremberg, e é derivada da palavra grega BACTNPIOV, que significa “bastões pequenos ou bastonetes”, pois era o que ele havia observado naquele momento.
   De lá para cá os grandes gênios da microbiologia vieram e nos encheram de informações com suas brilhantes pesquisas, e dentre eles podemos destacar Louis Pasteur (inúmeros prêmios e homenagens), Heinrich Hermann Robert Koch (Nobel de Medicina em 1905), que em muito contribuíram nas pesquisas e desenvolvimento de meios de cultura e identificação das bactérias e Alexander Fleming (Nobel de Medicina em 1945 juntamente com Florey e Chain), o descobridor da penicilina, o primeiro antibiótico a ser utilizado com verdadeiro sucesso.

E aqui, com a descoberta da penicilina, começa verdadeiramente nosso artigo.
   Com a descoberta dos antibióticos e seu uso maciço, as bactérias começaram a desenvolver mecanismos de resistência cada vez mais complexos e perfeitos, deixando à pesquisa e desenvolvimento da indústria farmacêutica a função de novas descobertas, suprindo a necessidade de antibióticos com espectros de ação cada vez mais ampliados e resistentes à ação das enzimas hidrolisantes dos anéis beta-lactâmicos, até chegarem ao grupo dos Carbapenêmicos, composto principalmente por Imipenem, Meropenem e Ertapenem.

   Enquanto nos hospitais as bactérias foram se tornando resistentes devido à seleção de cepas resistentes causadas primeiramente pelo uso de cefaloporinas de 3ª geração, depois pelas de 4ª geração e posteriormente dos carbapenêmicos, na comunidade as pessoas se automedicam abundantemente favorecidas por uma liberdade comercial nas farmácias e drogarias, muitas vezes induzida ou incentivada pelo balconista, prática essa que denominamos “empurroterapia”. Esta prática é errada em dois momentos: na compra do antibiótico sem orientação médica e na interrupção errônea do tratamento assim que os sintomas (principalmente a dor) desaparecem. Essa interrupção do tratamento, somado ao mau uso dos antibióticos, acarretam em seleção de cepas resistentes na comunidade. É comum hoje isolarmos bactérias resistentes em amostras advindas de pacientes que nunca foram internados em serviços hospitalares.

   A alta velocidade com que nossa microbiota hospitalar e comunitária ficou resistente e o surgimento de novas enzimas produzidas pelas enterobactérias, as beta-lactamases de espectro ampliado (ESBL), fizeram com que o uso dos carbapenêmicos aumentasse em progressão aritmética, ou seja, quanto mais
estas bactérias produziam ESBL, mais se usava um fármaco deste grupo.
   É claro que o resultado final disso foi o surgimento de um novo mecanismo de resistência aos carbapenêmicos: a produção de KPC.

   KPC é uma sigla que, traduzida ao português, quer dizer “Carbapenemase produzida pela Klebsiella pneumoniae”, pois foi nesta bactéria o 1º isolamento e detecção destas enzimas, capazes de hidrolisar o anel carbapenêmico. Esta enzima pode ser produzida por outros microrganismos, mas pelo fato acima,
ganha esse nome.

   A produção de KPC acarreta em resistência a todos os beta-lactâmicos, incluindo nesse caso as penicilinas, cefalosporinas, aztreonam e carbapenêmicos, restando para terapêutica antibacteriana, somente tigeciclina (em alguns casos) e polimixina. Infelizmente o custo do tratamento de um paciente acometido por uma infecção por bactéria produtora de KPC é altíssimo, além da gravidade de seu estado. Lembrar que o Sistema Único de Saúde (SUS) não reajusta suas tabelas de procedimentos desde 1994, ou seja, em um cenário de mais de 300% de inflação no período, os hospitais, clínicas e laboratórios ainda trabalham com tabelas daquele ano. O poder de compra destes prestadores de serviço ao SUS é paciente com infecção por KPC custa de antibiótico ao hospital algo perto de R$ 1200,00 por dia, enquanto o SUS paga diária de menos de R$ 250,00 em UTI. Mas voltemos às KPC.

   A novidade da presença de bactérias produtoras de KPC é relativa ao grupo de bactérias que produz a enzima, pois outras “superbactérias” já são parte da microbiota de nossos hospitais, causando surtos importantes há anos. São exemplo as Pseudomonas aeruginosa e Acinetobacter baumannii panresistentes, os Enterococcus sp. Resistentes à vancomicina, os Staphylococcus aureus resistentes intermediários à vancomicina, etc. Os mecanismos de resistência apresentados por estas bactérias são distintos uns dos outros e relativos ao grupo específico de fármacos-alvo. Portanto, bactérias panresistentes já são parte do nosso dia a dia nos hospitais e laboratórios clínicos.

   É fato que os hospitais são colonizados por microrganismos e que isso acarreta em risco aos pacientes e profissionais de saúde envolvidos no processo como um todo. Também é fato que pacientes que recebem alta e estes profissionais podem ser colonizados por essas bactérias e estas, por sua vez, passarem a fazer parte de suas microbiotas. Isso ocorre com outras bactérias também, como a Salmonella, por exemplo. É o chamado “portador são”.

   Não podemos esquecer que o corpo humano é um ecossistema, e este composto por, além de outros microrganismos, bactérias. Trilhões delas. É claro que nesta imensa população, existem seres que levam consigo genes de resistência a um, dois ou diversos antibióticos, e que se comunicam passando informações uns aos outros e tornando esta população cada vez mais resistente, principalmente se a pessoa fizer o mau uso dos antibióticos, pois isto destrói aos poucos sua microbiota selvagem (sensível aos antibióticos) e prevalecendo a população resistente.
 
Mas afinal, todos corremos riscos?
    Em teoria sim, mas na prática nem todos. Quem corre riscos mesmo é o paciente já acometido pela infecção.
   Os profissionais da saúde, quando em perfeitas condições de saúde, não sofrem riscos de infecções por esses agentes, mas devem tomar precauções básicas como uso de equipamentos de proteção individual, lavagem correta e frequente das mãos, etc. Dessa forma, o risco é mínimo e reduz a taxa de transmissão leito a leito.
    Pacientes infectados deverão ser isolados e mantidos sob cuidados especiais por parte da enfermagem, corpo clínico e serviços de saúde como laboratório, imagem, etc.

Mas o que fazer? Como sobreviver a estes poderosos e invisíveis vilões?
    Primeiramente, temos que respeitá-las como seres vivos que são, e entender que lutam pela sobrevivência da espécie. Desta forma, sempre haverá batalhas entre bactérias e fármacos, na intenção de resistir bravamente aos ataques sofridos e dar continuidade a uma história de quase 4 bilhões de anos. Habitamos o planeta há pouco mais de 200.000 anos, e isso sem sombra de dúvidas nos mostra com quem estamos lidando. A visão tem que ser outra. Menos ataque, mais convivência, afinal, elas são especialistas em permanecer por aqui mesmo sob muita pressão.

   E neste caso, conviver significa cuidar. A ausência do hábito de higienizar as mãos antes e depois de atender ou examinar um doente é comum em nossos serviços hospitalares. As comissões de controle de infecção hospitalar (CCIHs) são vista como os “chatos” do hospital, o comitê da chatice, como já vi e ouvi diversas vezes. Corpo clínico e enfermagem que se colocam acima da regra e do bom senso e desrespeitam as normas de controle de infecção e de controle do uso dos antibióticos também são figuras comuns em nosso meio. Profissionais de saúde que entram e saem dos CTIs com descaso às orientações da CCIH, visitas aos doentes fora dos horários por diversos motivos, dentre outros, são problemas graves, de absoluta falta de respeito com o ser humano que está diante destes profissionais. Visitas em centros de terapia intensiva devem ser monitoradas e orientadas, e nunca mais de uma pessoa por leito. Todos devem obedecer às regras estipuladas pelas CCIHs, e os diretores dos hospitais por sua vez, devem apoiar abertamente estas comissões que trabalham arduamente para que nossos doentes sejam cada vez menos expostos a estes microrganismos tão temidos.

   Quanto aos laboratórios de microbiologia clínica que atendem aos hospitais, estes deverão buscar capacitação no sentido de identificar as bactérias e realizar o antibiograma com excelência, além de interpretar corretamente os resultados obtidos e, se necessário for, determinar fenotipicamente qual mecanismo de resistência está se manifestando. Uma confirmação genotípica em serviços de referência também se faz necessária.

   O contato com o clínico é fundamental, e preferencialmente deverá ser constante principalmente em casos de perfis alterados de sensibilidade. Sugerem-se alertas junto aos laudos de antibiograma, para que chamem a atenção do clínico de que se trata de uma bactéria mais agressiva, para a qual os esquemas terapêuticos clássicos não funcionam. Estes alertas podem ser explicativos a respeito do mecanismo de resistência em questão, trazendo inclusive referências na literatura. O laboratório deverá liberar laudos parciais e intermediários, como resultados de bacterioscopias e crescimentos nos meios de cultura.

   O trabalho não para por aqui. As sociedades científicas também têm sua importância no contexto educacional. Programas de educação continuada são fundamentais para os profissionais de saúde.
   Damos como exemplo o programa patrocinado pela Sociedade Brasileira de Análises Clínicas – o SBAC e-Learning – de educação continuada à distância, através do qual milhares de profissionais analistas clínicos se mantêm atualizados sem sair de seus laboratórios e até mesmo de suas casas. Ao mesmo tempo, as regionais da SBAC têm oferecido cursos presenciais de capacitação técnica que, somados aos realizados à distância, preparam os analistas clínicos para o enfrentamento dos obstáculos do dia a dia. Assim devem agir as sociedades envolvidas no contexto do problema.

   O problema existe, e é irreversível. Não podemos simplesmente desprezar a realidade e continuar com as mesmas atitudes. Mudanças radicais dos hábitos, treinamento e capacitação dos profissionais de saúde e melhor orientação aos parentes dos doentes internados se fazem cada vez mais necessárias.
   Junto a isso, valorização das comissões e serviços de controle de infecção hospitalar e comissões pelo uso racional dos antibióticos é fundamental, pois do controle das infecções e do uso dos antibióticos depende o sucesso da redução dos índices dos nossos hospitais.
    Na sociedade, devemos lutar juntos por um controle nacional do uso dos antibióticos, pois seu mau uso e/ou uso descontrolado vem causando, e causará cada vez, mais resistência bacteriana.
Tarja preta nos antibióticos já!

* Dr. Caio Roberto Salvino é farmacêutico-bioquímico Especialista em Análises Clínicas, Fisiologia Humana e Microbiologia Clínica. Microbiologista clínico e Diretor do Laboratório Saldanha em Lages-SC. Professor de cursos de pós-graduação em Microbiologia Clínica e Análises Clínicas em cursos vinculados à Universidades, Sociedade Brasileira de Análises Clínicas e Conselho Federal de Farmácia em diversos estados da União. É consultor nas áreas de controle de infecção hospitalar, análises clínicas e microbiologia clínica. Na SBAC, é coordenador nacional do programa SBAC e-Learning e presidente da SBAC Regional de Santa Catarina.
 

Todos os direitos a SBAC
Sociedade Brasileira de Análises Clínicas

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Projeto aluno por um dia

Nesta segunda-feira tivemos a visita de quatro alunos do colégio Diva pelo projeto "Aluno por um dia". Os acadêmicos Eduarda Pavanatto, Bianca Roso, Eduardo Altermann e Laudir Jaeger tiveram a oportunidade de acompanhar um pouquinho do dia-a-dia do biomédico.




terça-feira, 26 de outubro de 2010

Há! Mais uma vitória!

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou os argumentos apresentados pela União em um recurso especial por meio do qual buscava manter a exigência de especialidade para participação em concurso público de admissão para formação de oficiais do Serviço de Saúde do Exército, realizado em 2007. A necessidade de formação específica em Análise Clínica, para farmacêuticos bioquímicos, foi considerada ilegal pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2).

O Conselho Federal de Biomedicina (CFBM) ingressou com mandado de segurança no TRF2, requerendo que os profissionais biomédicos portadores de diploma de Ciências Biológicas, na modalidade Médica, também pudessem concorrer às vagas do concurso público destinadas à especialidade Farmacêutico Bioquímico - Análises Clínicas.

O pedido do CFBM foi atendido pelo TRF2, que considerou a exigência da especialidade uma violação aos princípios constitucionais da isonomia e do amplo acesso aos cargos públicos. Ao ingressar com recurso especial no STJ, a União alegou que não existia direito líquido e certo para fundamentar o mandando de segurança e que a decisão violava o artigo 1º da Lei n. 1.533/1951 e os decretos n. 85.878/1981 e 88.439/1983.

Ao rejeitar os argumentos trazidos no recurso, a Segunda Turma do STJ considerou que a verificação da existência ou não de direito líquido e certo amparado por mandado de segurança não tem sido admitida em recurso especial.

O ministro Mauro Campbell Marques, relator, ressaltou que o STJ não pode analisar eventual violação à Lei n. 1.533/51 e aos decretos n. 85.878/81 e 88.439/83, tendo em vista que possível transgressão não foi questionada no tribunal federal.

Feira Científica no Diva

Semana passada estivemos na feira científica do colégio Diva de Cachoeira. A atividade se desenvolveu de uma forma muito animada e com a participação de muitos alunos do colégio. Esta semana estaremos no colégio São Pedro (quarta-feira 27).

Pesquisa relaciona risco de alergia a primeiro trimestre de gravidez

Exposição a pólen em estágio-chave da gestação favorece eczema e asma. Estudo finlandês analisou registros de saúde de 5.920 crianças.

Um novo estudo que será publicado na quarta-feira (20) reforçou as suspeitas de que o risco de uma criança desenvolver alergias poderia estar vinculado ao primeiro trimestre de gravidez. Pesquisadores estudaram registros de saúde de 5.920 crianças nascidas entre 2001 e 2006 na província de Karelia do Sul, na Finlândia, 961 das quais foram submetidas a exames de pele para detecção de alergias aos 4 anos de idade.
Entre estes, 10% nasceram entre outubro e novembro e tiveram resultados positivos, o que correspondeu ao dobro daquelas nascidas em junho e julho. A sensibilidade alérgica dos bebês nascidos em outubro e novembro foi especialmente forte para leite e ovos. A razão possível, sugeriram os cientistas, é que os bebês nascidos em outubro e novembro foram expostos a altas concentrações de pólen de bétula e amieiro enquanto estavam em um estágio-chave de desenvolvimento fetal, na 11ª semana de gravidez.

  O cume do período de dispersão de pólen dessas duas árvores é em abril e maio, enquanto o período de baixa dispersão é de dezembro a janeiro, o que explicaria por que crianças nascidas em junho e julho tiveram menor sensibilidade alérgica. A exposição a alergênicos poderosos no útero, numa fase inicial e crucial da graviodez, poderia afetar o desenvolvimento do sistema imunológico da criança, embora as razões pelas quais isso ocorra sejam incertas, disseram os cientistas.

O estudo, chefiado por Kaisa Pyrhonen, do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade de Oulu, será publicado no britânico Journal of Epidemiology and Community Health. Os resultados dão ênfase a descobertas anteriores, resultantes de estudos feitos na Suécia, no Japão e na Holanda, segundo os quais as crianças nascidas no outono ou no inverno do Hemisfério Norte são mais propensas a desenvolver eczema e respiração asmática e têm níveis de antígeno no sangue maiores que os de crianças nascidas na primavera ou no verão.

Da AFP

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Projeto Aluno por Um Dia

   
   O curso este ano está com uma novidade para quem quer conhecer melhor as atividades e a vida do profissional biomédico. Desde o começo deste mês iniciou-se o projeto "Vivendo a Biomedicina por um Dia". Neste projeto o vestibulando que estiver interessado em participar e conhecer mais do curso entra em contato com direção pelo email e agenda um dia e horário para participar de atividades do curso como "aluno por um dia". Não precisa estar inscrito no vestibular para participar, basta haver o interesse.



   Na prática os alunos irão acompanhar toda a rotina do Laboratório Escola de Análises Clínicas ou de Biologia Molecular. Desde o momento da coleta até a liberação do laudo final. Participando de todos os processos de análise e interpretação acompanhados de um professor do curso.

   Esta é mais uma iniciativa para ajudar muitos alunos que estão no ensino médio e encontram dificuldades em optar um curso superior. Esta é uma opção que só um curso de qualidade pode oferecer. O laboratório escola de Biomedicina está a cinco anos prestando atendimentos laboratoriais a comunidade.

  Portanto, se você ou um amigo tem interesse em conhecer na prática o curso, entre em contato e agende sua visita. Será um grande prazer colaborar na  escolha de um curso universitário. 

Detalhe importante: aceitamos grupos de alunos (até 4) para participar das atividades e não perca a oportunidade, mais de 30 alunos já vieram participar!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Feira das Profissões do Colégio Imaculada


   No dia primeiro deste mês o curso de Biomedicina esteve presente na feira das profissões organizada pelo colégio Imaculada. Durante todo o dia alunos da biomedicina estiveram presentes apresentando e divulgando o curso entre alunos de vários colégios que circularam pela feira.



   
Durante o evento os alunos do curso ensinaram e relataram as atividades que envolvem a profissão e as qualidades do curso. Além disso, foram realizadas demonstrações de tipagem sanguínea pelos acadêmicos.



sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Coquetel de aminoácidos pode ajudar a viver mais, dizem cientistas

Mistura foi testada em camundongos e aumentou a expectativa de vida das cobaias em 12%.

    Um estudo realizado por cientistas na Itália revelou que camundongos que beberam um coquetel com três tipos de aminoácido tiveram um aumento de 12% de suas expectativas de vida em comparação com cobaias que não passaram pelo tratamento. Além de viver mais, os camundongos que tomaram os aminoácidos também mostraram uma melhora na forma física e na coordenação, revertendo problemas associados à idade avançada.
   Nos experimentos, descritos em um artigo na publicação científica Cell Metabolism, as cobaias saudáveis, de meia idade, receberam água contendo os aminoácidos leucina, isoleucina e valina. Estudos anteriores haviam comprovado que estes três aminoácidos aumentam a expectativa de vida das leveduras.


Mais testes

   Os aminoácidos são moléculas que formam as proteínas. Eles são comercializados na forma de suplementos para fisiculturistas, pois ajudam a cultivar a massa muscular. A equipe de pesquisadores, liderada por Enzo Nisoli, da Universidade de Milão, disse que o estudo oferece uma análise do papel dos aminoácidos na prevenção e no controle de doenças relacionadas à idade em humanos. No entanto, lembram que ainda é preciso fazer mais testes para conhecer ao certo o grau de eficiência do tratamento em humanos.

Fonte: G1

Consumo de ovos ou colesterol em adultos mais velhos não está ligado a risco de diabetes tipo 2

   Entre adultos mais velhos com ingestão limitada de ovos, não houve associação aparente entre o consumo de ovos ou o colesterol na dieta e risco aumentado de desenvolver diabetes tipo 2, de acordo com os resultados de um estudo prospectivo relatado na edição de agosto do American Journal of Clinical Nutrition.

  
 “O diabetes melito tipo 2 (DM2) permanece uma questão importante de saúde pública nos Estados Unidos”, escreveu Luc Djoussé, do Brigham and Women's Hospital e da Escola Médica de Harvard, Boston, Massachusetts, e colegas. “Há dados limitados e inconsistentes sobre a associação entre consumo de ovos e glicemia de jejum ou desenvolvimento de diabetes. Avaliamos a associação entre o consumo de ovos e o desenvolvimento de diabetes em adultos mais velhos”.
   A coorte do estudo consistiu de 3.898 homens e mulheres que foram inscritos no Cardiovascular Health Study conduzido entre 1989 e 2007 e completaram anualmente questionários alimentares organizados com figuras para determinar o consumo de ovos. O início de diabetes tipo 2 foi determinado por dados anuais sobre o uso de agentes hipoglicemiantes e em níveis de glicemia plasmática. Os riscos relativos ajustados foram calculados a partir de modelos de risco proporcional de Cox.


   Houve 313 novos casos de diabetes tipo 2 durante o seguimento médio de 11,3 anos. Em pessoas que relataram consumo de ovos de nunca, 1 ao mês, 1 a 3 ao mês, 1 a 4 por semana e quase diariamente, as taxas cruas de incidência de diabetes tipo 2 foram 7,39, 6,83, 7,00, 6,72 e 12,20 para 1.000 pessoas-ano, respectivamente. O consumo de ovos não foi associado com risco aumentado de diabetes tipo 2 em nenhum dos sexos ou em ambos, baseado nos modelos ajustados para multivariáveis.
   O colesterol na dieta não foi associado com o desenvolvimento de diabetes tipo 2 em uma análise secundária (P para tendência = 0,47). Apesar de existir pequenas diferenças analíticas significativas nos níveis de glicemia e insulinemia em jejum e medidas de resistência insulina associados com o consumo de ovos, essas diferenças não tiveram significado clínico.

  
Limitações deste estudo incluíram o pequeno número de participantes que consumiu ovos diariamente ou mais, possíveis efeitos do acaso ou de confundidores residuais, falta de dados sobre outros alimentos geralmente consumidos com ovos ou sobre o preparo dos mesmos e possíveis erros de classificação do diabetes e/ou da dieta. Além disso, os achados podem não ser generalizáveis para populações mais jovens se os efeitos biológicos do consumo de ovos e colesterol na dieta diferirem com a idade.
   “Nessa coorte de adultos mais velhos com consumo limitado de ovos, não houve associação entre o consumo de ovos ou colesterol na dieta e risco aumentado de desenvolver DM2”, escreveram os autores. “O consumo de ovos não foi associado com diferenças clinicamente significativas nas concentrações de glicose ou insulina ou nas medidas de resistência insulínica apesar de pequenas diferenças analíticas absolutas estatisticamente significativas”.

Autora: Dra. Laurie Barclay

Am J Clin Nutr. 2010;92:422-427.

Informações sobre a autora: Dra. Laurie Barclay. Escritora e revisora freelance, Medscape, LLC.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Nobel de Medicina vai para criador de método de fertilização in vitro



Robert Edwards concebeu técnica em 1978, depois de 20 anos de pesquisa. Até hoje, 4 milhões de pessoas já nasceram após a pesquisa do britânico.


 
Robert Edwards, britânico laureado com o Nobel de medicina em 2010. 
O professor emérito da Universidade de Cambrigde, Robert Edwards, criador do método para fertilização in vitro, concebido em 1978, recebeu o prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia de 2010. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (4) pela Fundação Nobel, no Karolinska Institutet, em Estocolmo.
   

   O trabalho do fisiologista britânico permitiu, até hoje, o nascimento de 4 milhões de pessoas e uma solução para a impossibilidade de ter filhos, problema que afeta entre 1% e 2% dos casais em países desenvolvidos na Europa e no continente americano.
     Será concedido a Robert Edwards, de 85 anos, um prêmio de 10 milhões de coroas suecas, equivalentes a quase US$ 1,5 milhão. Os próximos prêmios a serem anunciados são nas áreas de Física, Química, Economia, Literatura e Paz.
  



   Óvulos podem não dar origem a bebês por motivos genéticos, de má formação do material oferecido pela mulher ou pelo homem. Obstruções ou defeitos no transporte da produção do ovário até as trompas de falópio também dificultam a fertilização.
   A técnica de Edwards consiste em retirar um óvulo da mulher e fertilizá-lo com esperma. O ovo fertilizado é colocado de volta no corpo, desta vez no útero. A partir daí, o desenvolvimento do feto é idêntico ao dos demais, com a multiplicação celular gerando tecidos e dando formato ao bebê.

A técnica desenvolvida por Edwards permitiu o nascimento de 4 milhões de pessoas desde 1978. 
A técnica desenvolvida por Edwards permitiu o nascimento de 4 milhões de pessoas desde 1978, segundo informou nesta segunda-feira a Fundação Nobel. (Foto: AP Photo / Alastair Grant / Arquivo)
    O nascimento da primeira criança pela técnica, Louise Joy Brown, em 1978, na Grã-Bretanha, foi a principal conquista destacada pelo comitê organizador da premiação para premiar Edwards. "Pela primeira vez foi demonstrado que a infertilidade podia ser tratada", disseram os apresentadores da homenagem.


   Jornais suecos divulgaram o resultado horas antes do anúncio oficial da Fundação Nobel, segundo os próprios organizadores do prêmio. Os membros do comitê organizador destacaram que apesar dos problemas éticos, eles resolveram premiar uma descoberta fundamental para a medicina.
   No ano passado, o prêmio foi concedido a Elizabeth Blackburn, Carol Greider e Jack Szostak, pela descoberta da enzima telomerase, responsável pela reprodução das células. O trabalho serviu para a compreensão de como cânceres se proliferam e como funciona o envelhecimento das células no corpo.
Louise Joy Brown, britânica nascida em 1978, primeira gerada pelo método de Edwards. 
Louise Joy Brown, a primeira pessoa nascida pelo
método de Edwards, 1978.(Foto:AFP Photo/Arquivo)
Vinte anos de pesquisa
  
    
Nascido em 1925, Robert G. Edwards foi militar durante a Segunda Guerra Mundial e estudou biologia no País de Gales e na Universidade de Edimburgo, na Escócia.
   As pesquisas de Robert Edwards sobre fertilização in vitro começaram no final da década de 1950. O fisiologista, inicialmente, estudava o desenvolvimento de embriões em ratos, porém percebeu que seus estudos poderiam levar a uma solução para o problema da infertilidade.




   Durante vinte anos, Edwards continuou suas pesquisas, contando com a ajuda do obstetra e ginecologista Patrick Steptoe, lembrado pelos membros do comitê organizador da Fundação Nobel como parceiro do Nobel de Medicina em 2010. Steptoe faleceu em 1988.



Fonte: Do G1, em São Paulo

Nova pesquisa produz células-tronco a partir da pele

Cientistas de Harvard produziram células pluripotentes induzidas. Resultados, publicados na revista 'Cell Stem Cell', não são inéditos.

    Pesquisadores anunciaram uma forma rápida e segura de transformar células comuns da pele em células-tronco e células musculares. Eles afirmaram na quinta-feira (30) que o método pode fornecer uma forma de gerar tecido dentro da nova ciência chamada medicina regenerativa, que os médicos esperam que um dia leve a maneiras de reparar lesões e talvez até substituir órgãos inteiros.
   Em artigo publicado na revista "Cell Stem Cell", o médico Derrick Rossi, da Harvard Medical School, e seus colegas afirmaram que estavam trabalhando em novas maneiras de produzir células pluripotentes induzidas, as chamadas iPS.
   Essas células se parecem muito com as células-tronco embrionárias, as verdadeiras células-mestre do corpo, que podem dar origem a todas as células e tecidos do corpo. São necessários apenas três ou quatro genes para transformar as células da pele, ou qualquer outra célula comum, e fazê-las terem um comportamento como o das células-tronco.
   Mas a maioria das maneiras de fazer isso envolve a utilização de um vírus para levar os genes novos para dentro da célula, ou DNA, e essas técnicas podem provocar outros problemas, incluindo tumores.
   Rossi e seus colegas do laboratório do pesquisador George Daley testaram um método novo, usando RNA. RNA é a substância que carrega as instruções para o DNA. Para a surpresa deles, o RNA proveniente dos quatro genes de "célula-tronco" conseguiu transformar as células da pele comuns em células iPS. Essas células poderiam, assim como as células-tronco, ser produzidas para formar células cardíacas, neurônios e outros tipos de célula. Eles também foram capazes de transformar diretamente as células da pele em células musculares, relataram os pesquisadores.
Fonte: Do G1, com Reuters

EUA pedem desculpas por espalhar gonorreia e sífilis na Guatemala

Experimento americano infectou quase 700 pessoas com sífilis e gonorréia para testar vacinas.

    O governo dos Estados Unidos pediu oficialmente desculpas nesta sexta-feira (1) por infectar quase 700 pessoas com gonorréia e sífilis na Guatemala durante experimentos médicos há cerca de 60 anos. Em comunicado oficial, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, e a secretária da Saúde, Kathleen Sebelius, classificaram de "antiética" e "inaceitável" a pesquisa conduzida entre 1946 e 1948, durante os governos do presidente guatemalteco Juan Bermejo e do americano Harry Truman.
   Um programa americano infectou doentes mentais e prisioneiros do país, sem que eles dessem permissão, com os micróbios causadores das duas doenças sexualmente transmissíveis em estudos que os cientistas na época acreditavam que poderiam levar a uma vacina contra os males. Clinton e Sebelius afirmam estar "indignadas por tal investigação inaceitável ter ocorrido sob o disfarce de (um serviço de) saúde pública". O comunicado também diz que o experimento "não representa os valores dos Estados Unidos" e anuncia uma investigação sobre o caso.
   "No espírito do compromisso com a ética investigativa, estamos começando uma investigação minuciosa dos detalhes deste caso", diz o documento. Diante das revelações, o presidente da Guatemala, Álvaro Colom, acusou os Estados Unidos de crimes contra a humanidade.

Experimento

   Provas da existência do programa foi revelada pela professora Susan Reverby, da Universidade de Wellesley, nos Estados Unidos. Segundo Reverby, o estudo na Guatemala foi organizado pelo Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos. Ela afirma que o governo guatemalteco deu permissão para as pesquisas e que muitos dos pacientes estavam internados em instituições psiquiátricas.
   Os médicos usaram inoculação direta ou prostitutas com sífilis e gonorreia para infectar os pacientes previamente tratados com penicilina, para tentar determinar se substância poderia prevenir a doença. Os pacientes recebiam depois tratamento, mas não está claro se todos eles foram curados ou não.
   Durante o governo de Bill Clinton, a professora divulgou o resultado de uma pesquisa que fez sobre o experimento Tuskegee, no qual cientistas dos Estados Unidos observavam o progresso da sífilis em negros americanos sem tratar os pacientes, que não sabiam ter contraído a doença. Clinton depois pediria desculpas pelo experimento.
Fonte: BBC

Itália realiza implante de coração artificial permanente em adolescente

Dispositivo tem 4 cm e foi inserido no ventrículo esquerdo do paciente. Equipamento é implantado no tórax, para evitar riscos de infecção.

Cirurgia cardíaco posa ao lado de esquema explicativo do implante permanente de coração artificial 
Cirurgia cardíaco posa ao lado de esquema explicativo do implante permanente de coração artificial (Foto: Tiziana Fabi / AFP)

   Um paciente de 15 anos do Hospital Menino Jesus de Roma foi o primeiro adolescente do mundo a receber o implante de um coração artificial permanente. Até hoje, esse tipo de cirurgia só havia sido realizada em adultos. A equipe de cirurgia cardíaca do hospital, dirigida por Antonio Amodeo, realizou a operação, que durou 10 horas, na quinta-feira (30).
   A principal novidade consiste no fato de que o implante não é temporário, como é habitual, e sim permanente. Os especialistas explicaram que o coração artificial temporário é utilizado habitualmente para ajudar os enfermos à espera de um coração compatível para um transplante. Desta vez, os cardiologistas optaram por implantar um coração artificial permanente.
   O coração artificial utilizado, com quatro centímetros de comprimento, foi inserido no ventrículo esquerdo do paciente. Trata-se de uma bomba hidráulica ativada eletricamente, implantada no tórax para evitar riscos de infecção. O fornecimento de energia do aparelho ocorre através de um contato colocado atrás da orelha esquerda do adolescente, ligada à bateria que o paciente usa na cintura.