quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Cientistas sequenciam o genoma do mosquito doméstico tropical

Estudos sobre inseto foram publicados na revista 'Science'.
'Culex pipiens quinquefasciatus' é o mosquito mais disperso no mundo.


Mosquito Nilo 2 
    Cientistas anunciaram nesta quinta-feira (30) o sequenciamento do DNA da espécie mais comum de mosquitos do mundo, cuja picada tem o potencial de transmitir vírus mortais e o parasita causador de sérias doenças.
    O inseto, cujo nome em latim é Culex pipiens quinquefasciatus, mais conhecido como mosquito doméstico tropical, é o terceiro na tríade de mosquitos causadores de doenças que tiveram seu genoma sequenciado, destacaram dois estudos publicados na revista científica Science.
   "O Culex pipiens quinquefasciatus é o mosquito mais disperso no mundo, e em termos de transmissão de doenças para humanos, é uma das três espécies mais importantes", explicou o professor Stephen Higgs, do Departamento Médico da Universidade do Texas, em Galveston (UTMB), um dos autores da pesquisa.

O mosquito doméstico tropical é responsável pela transmissão de doenças como a encefalite e a elefantíase. (Foto: James Gathany / Centers for Disease Control and Prevention)

   "Este trabalho nos dá uma plataforma fantástica para melhorarmos nossa compreensão sobre a dinâmica da infecção, o que precisa ser feito se quisermos encontrar formas de interromper a transmissão das doenças", acrescentou.
   Cientistas de quase 40 instituições dos Estados Unidos e da Europa trabalharam no sequenciamento do genoma do mosquito doméstico tropical, que pode hospedar os vírus do oeste do Nilo e da encefalite de Saint Louis, bem como o parasita causador da elefantíase, uma doença que afeta o sistema linfático.
   As outras duas espécies na tríade de grandes mosquitos causadores de doenças são o Anopheles gambiae, transmissor da malária, e o Aedes aegypti, que transmite a febre amarela e a dengue. Seus genomas foram sequenciados, respectivamente, em 2002 e 2007.
   Em um dos artigos publicados esta quinta-feira, cientistas disseram ter identificado os 18.883 genes do mosquito Culex quinquefasciatus. Cada gene do mosquito é capaz de produzir uma das proteínas que o formam e determinam seu comportamento, inclusive como seu sistema imunológico responde à infecção por vírus, bactérias e parasitas.
   "É realmente excitante para nós porque finalmente podemos realizar experimentos que gostaríamos de ter feito há anos", disse a professora assistente da UTMB, Dana Vanlandingham, co-autora do artigo da revista Science.
   "A questão básica é por que algumas espécies de mosquito transmitem um vírus em particular e outras espécies não? Por que eles não hospedam todos os vírus? Não sabemos, mas agora nós temos três diferentes sistemas para estudos comparativos que permitam investigar as interações entre vírus e mosquitos", acrescentou.
   O mosquito doméstico tropical é o principal vetor do vírus do oeste do Nilo, que normalmente causa sintomas moderados similares aos da gripe, e que em alguns casos pode provocar uma forma de encefalite - tipo de inflamação no cérebro - , ou meningite.
   O vírus do oeste do Nilo foi detectado pela primeira vez na América do Norte em 1999. Desde então, tem havido cerca de um milhão de infecções humanas com o vírus, quase todas causadas pela picada do mosquito, disse Higgs.
   O vírus da encefalite de St. Louis pode causar doenças neuroinvasivas severas, inclusive a encefalite, porém causam mais frequentemente sintomas como febre, náuseas, dores de cabeça, vômitos e cansaço.
    A elefantíase, enquanto isso, é uma doença linfática causada por um parasita microscópico, hospedado pelos mosquitos. Pessoas acometidas pela doença, causa principal de incapacidade em todo o mundo, podem sofrer inchaço severo nos membros e, no caso dos homens, no saco escrotal.
Fonte: G1

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Curso Virtual de Microbiologia

Queridos alunos!

Semana passada já tivemos a primeira etapa dos mini-cursos virtuais de Bacteriologia organizados pela Profa. Neusa. Não percam que amanhã tem uma nova palestra às 14:30! Aproveitem que é gratuito! Abraços...


Bebês que tomam só leite materno até 6 meses têm melhor imunidade

Segundo cientistas gregos, amamentar traz proteção adicional contra infecções.

Bebês alimentados exclusivamente com leite materno até os seis meses de idade ganham proteção extra contra infecções, dizem cientistas gregos. O efeito observado independe de fatores como acesso à saúde e programas de vacinação, eles explicam.
Segundo os especialistas da Universidade de Creta, o segredo estaria na composição do leite materno. As conclusões do estudo, que envolveu pouco mais de 900 bebês vacinados, foram publicadas na revista científica Archives of Diseases in Childhood.

 A equipe ressalta, no entanto, que o benefício só ocorre quando o bebê é alimentado com leite da mãe apenas. Ou seja, acrescentar fórmulas ao leite materno não produz o mesmo efeito. Especialistas em todo o mundo já recomendam que bebês sejam alimentados somente com leite materno pelo menos durante os seis primeiros meses de vida.

Estudo
Os pesquisadores gregos monitoraram a saúde de 926 bebês durante 12 meses, registrando quaisquer infecções ocorridas em seu primeiro ano de vida. Entre as infecções registradas estavam doenças respiratórias, do ouvido e candidíase oral (sapinho).
Os recém-nascidos receberam todas as vacinas de rotina e tinham acesso a tratamentos de saúde de alto nível.
Quase dois terços das mães amamentaram seus filhos durante o primeiro mês, mas o número caiu para menos de um quinto (menos de 20%) seis meses depois.


Apenas 91 bebês foram alimentados exclusivamente com o leite da mãe durante os seis primeiros meses.
Os pesquisadores constataram que esse grupo apresentou menos infecções comuns durante seu primeiro ano de vida do que os bebês que foram parcialmente amamentados ou não amamentados.
E as infecções que os bebês contraíram foram menos severas, mesmo levando-se em conta outros fatores que podem influenciar os riscos de infecção, como número de irmãos e exposição à fumaça de cigarro.


O pesquisador Emmanouil Galanakis e sua equipe disseram que a composição do leite materno explica os resultados do estudo. O leite materno contém anticorpos recebidos da mãe, assim como outros fatores imunológicos e nutricionais que ajudam o bebê a se defender de infecções.
"As mães deveriam ser avisadas pelos profissionais de saúde de que, em adição a outros benefícios, a amamentação exclusiva ajuda a prevenir infrecções em bebês e diminui a frequência e severidade das infecções", os especialistas dizem.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Governo investirá R$ 76 milhões para estimular a doação de órgãos no país

Expectativa é que transplantes de órgãos cresçam 20%.
Em 2009 foram realizadas mais de 20 mil cirurgias do tipo no Brasil.

O Ministério da Saúde assinou nesta segunda-feira (27), Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos, portarias que preveem investimentos de R$ 76 milhões no setor de transplante de órgãos no Brasil.
Entre as medidas anunciadas, o governo pretende criar 80 novos leitos para transplante de medula óssea, implementar centros para transplante de córnea, ossos e pele, além de direcionar investimentos na capacitação de profissionais do setor.
Também foi lançada uma campanha para estimular a sociedade a discutir a importância da doação de órgãos e para que as pessoas informem às suas famílias seu desejo de doar órgãos.
Com isso, o ministério espera um aumento de 20% na quantidade de transplantes realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

O SUS atende aproximadamente 95% dessas cirurgias no país. “O sistema não financia apenas o ato do transplante em si, vai desde o exame até o atendimento após a operação”, afirmou Marcia Bassit, ministra interina da Saúde.
Ela avaliou que há ainda alguns desafios a superar: “Por exemplo, garantir a igualdade no acesso aos transplantes e a redução na fila de espera e melhorar a qualidade dos atendimentos.” A ministra lembrou que aproximadamente 60 mil brasileiros aguardam na fila por transplantes.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Médicos abusam de antibióticos em doenças respiratórias, diz estudo

Trabalho será publicado em revista médica norte-americana.
Há casos de profissionais que usam os remédios para enfrentar vírus.


   Um levantamento com pacientes com doenças respiratórias de dois hospitais no estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, mostra que médicos podem estar abusando do uso de antibióticos. O estudo, a ser publicado na edição de novembro da revista médica Infection Control and Hospital Epidemiology.
Muitas infecções causadas por vírus foram tratadas por profissionais da região com os medicamentos, eficientes apenas no tratamento de doenças originadas por bactérias. A prática preocupou os pesquisadores pois o abuso de antibióticos é uma das principais causas apontadas por especialistas para ao aumento da resistência de bactérias aos remédios.

   O fenômeno, conhecido como pressão antibiótica ou seletiva, faz com que os organismos unicelulares deixem de ser destruídos até mesmo por "armas" fortes como as carbapenemas,
   "Os dados colhidos mostram pelo menos uma área na qual antibióticos são empregados em pacientes hospitalizados sem motivo aparente", afirma explicam os autores do estudo, todos da Escola de Medicina da Universidade de Pensilvânia. "O reconhecimento dessa falha pode servir para limitar o uso inadequado dos remédios no futuro."


   Nos últimos anos, novos testes para diagnósticos buscam diferenciar infecções causadas por vírus das provocadas por bactérias. Mas, de acordo com a equipe liderada por Kevin Shiley, os exames não andam surtindo o efeito esperado, ou seja, a redução do uso de antibióticos e o fortalecimento posterior das bactérias.
   Pacientes com a bactéria Clostridium difficile, responsável por causar diarreia, tiveram o quadro clínico piorado com o uso prolongado de antibióticos. Para os pesquisadores, não houve benefício com a aplicação dos medicamentos.

Lançamento do Lab Tests Online BR

O site Lab Tests Online BR (www.labtestsonline.org.br) foi lançado oficialmente no primeiro dia do 44º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, que acontece de 14 a 17 de setembro, no Centro de Convenções SulAmérica, no Rio de Janeiro.
 
 
Lab Tests Online BR apresenta informações sobre exames laboratoriais, doenças e estados clínicos relacionados, informações sobre como o paciente deve ser preparar para cada tipo de exame, como é colhida a amostra, entre outras informações. O site também tem perguntas frequentes para cada teste e um glossário de termos mais usados em exames laboratoriais.

O endereço é voltado principalmente para o público leigo, com informações corretas e confiáveis, sob o aval de uma sociedade de especialidade médica. O conteúdo é revisado e atualizado por patologistas clínicos. Os profissionais de saúde também encontram no Lab Tests Online BR uma fonte de informações util e precisa.
 
Este site existe a muitos anos nos EUA e na Europa e agora foi traduzido para o português (parcialmente). Trata-se de uma ferramenta rápida, prática e confiável de consulta na rotina laboratorial. Contudo ainda falta muita coisa a ser traduzida.

Origem de causador da malária pode estar em gorilas, diz estudo

Sequenciamento de DNA permite identificar protozoário nos mamíferos.
Trabalho foi publicado na revista científica 'Nature'.

    O micro-organismo Plasmodium falciparum, causador da malária em humanos, pode ter passado de gorilas para o homem, segundo estudo publicado por equipe internacional de cientistas nesta quarta-feira (22) na revista científica Nature.
    A descoberta foi possível por meio de sequenciamento de DNA, quando os pesquisadores notaram que um tipo de falciparum, presente em gorilas, era um ancestral do protozoário encontrado em humanos.
    A pesquisa começou com a busca pela origem do vírus HIV, responsável pela Aids nos homens. Durante o trabalho, os especialistas detectaram o Plasmodium em gorilas em Camarões e no Gabão.

Gorilas do oeste africano portam o 'Plasmodium falciparum', responsável pela malária em humanos. 
Gorilas do oeste africano portam o 'Plasmodium falciparum', responsável pela malária em humanos. (Foto: mrflip / Flickr / creative commons 2.0 nd)

   Segundo o co-autor do estudo Eric Delaporte, do Instituto de Pesquisas para o Desenvolvimento de Marselha (IRD), na França, antes se pensava que só o homem era o portador do micro-organismo. Somente em 2009, a comunidade científica se deu conta que o Plasmodium falciparum também portavam tipos semelhantes do protozoário como macacos, bonobos e gorilas.
    Sob a coordenação de Beatrice Hahn, da Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, fezes de gorilas de 57 locais da África Central permitiram provar que a transmissão do Plasmodium ocorreu do gorila para o homem e não o contrário. Ao todo, foram 3 mil amostras recolhidas pela equipe. recolhidas em 57 lugares diferentes da África Central. A doença afeta 250 milhões de pessoas por ano no mundo. O Plasmodium falciparum é o mais virulento e o maior provocador de mortes entre os causadores de malária em humanos.

Fonte: G1

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Estudo desvenda formação da casca impermeável dos ovos de mosquitos

Biomédico da Fiocruz identificou 360 genes ligados ao processo.
Conhecimento contribui para novas estratégias contra malária e dengue.
Imagens detalham verificação da estrutura genômica da 'casca' que impermeabiliza os ovos de mosquito (Foto: cortesia Gustavo Rezende / IOC-Fiocruz)
Os estudos de um cientista brasileiro abrem novas possibilidades de controle da malária e, no futuro, da dengue. Gustavo Rezende, do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), analisou a formação da casca impermeável dos ovos de mosquitos. Pesquisador do Laboratório de Fisiologia e Controle de Artrópodes Vetores (IOC), o biomédico identificou um conjunto de genes associados à impermeabilização dos ovos do mosquito Anopheles gambiae, principal transmissor de malária na África.


A cutícula serosa permite que os ovos continuem viáveis mesmo após ficar no seco por muitas horas ou até dias.
O estudo foi realizado no IOC e na Universidade de Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, onde Rezende desenvolveu parte de seu doutorado. A equipe de pesquisadores utilizou um procedimento que “fixa” o embrião do A. gambiae: mata o embrião preservando todas as suas estruturas morfológicas e seu material genético.

No passo seguinte, os pesquisadores aplicaram uma técnica de biologia molecular denominada microarranjo, que permitiu comparar quais genes, dentre todo o genoma do mosquito, estavam sendo expressos em uma estrutura conhecida como cutícula serosa, provavelmente responsável por impermeabilizá-los e permitir que continuem viáveis mesmo após ficar no seco por muitas horas ou até dias, dependendo da espécie.
 “Ao todo, identificamos cerca de 360 genes muito mais expressos na serosa do que no restante do embrião no momento da formação da cutícula serosa, alguns com expressão 20 vezes maior”, conta Rezende.
Ainda que as descobertas estejam relacionadas com A. gambiae, os resultados podem ser importantes no combate da dengue. “Identificar os principais genes relacionados à impermeabilização dos ovos pode ser fundamental nos esforços de controle de populações de vetores”, diz Rezende. “Hoje já existem inseticidas capazes de inibir a síntese de quitina [um açúcar muito presente na estrutura da cutícula serosa] do Aedes aegypti [o mosquisto transmissor da dengue]. Porém, nossas descobertas podem servir de base para conhecer melhor os processos de produção dessa e de outras moléculas importantes para os insetos.”

Nova paixão afasta dois amigos íntimos, calcula pesquisa

Estudo da Universidade de Oxford revela que iniciar relacionamento amoroso reduz círculo de amizades próximas.
 
Uma nova paixão leva à perda de dois amigos íntimos, segundo um estudo da Universidade de Oxford.
Para os pesquisadores, este é o custo de um novo relacionamento, que acabaria consumindo o tempo antes dedicado às amizades próximas.
Enquanto a maioria das pessoas teria um círculo de cinco pessoas que elas veem pelo menos uma vez por semana e com quem contam em momentos de crise, este número cairia para quatro depois do início de um namoro - com a perda de dois amigos e a inclusão do novo namorado (ou namorada) no grupo.
As duas pessoas afastadas para acomodar o relacionamento amoroso, segundo o estudo, seriam normalmente um parente e um amigo.

"Sua atenção está tão focada no seu parceiro que você simplesmente não se encontra mais com as outras pessoas e esses relacionamentos começam a se deteriorar", explica o coordenador da pesquisa Robin Dunbar, do Instituto de Antropologia Evolucionária e Cognitiva da Universidade de Oxford.
Para o estudo, publicado na revista científica Personal Relationships, 540 pessoas maiores de 18 anos responderam a um questionário pela internet sobre seus relacionamentos e os efeitos de uma nova paixão.
Em uma pesquisa anterior, a equipe de Dunbar concluiu que o cérebro humano é capaz de administrar um máximo de 150 amigos nas redes de relacionamento disponíveis na internet, como os sites Facebook e Orkut.
Nos anos 1990, o cientista desenvolveu uma teoria batizada de "Número de Dunbar", que estabelece que o tamanho do neocórtex humano - a parte do cérebro usada para o pensamento consciente e a linguagem - limita a capacidade de administrar círculos sociais a até 150 amigos, independente do grau de sociabilidade do indivíduo.
Sua experiência se baseou na observação de agrupamentos sociais em várias sociedades - de vilarejos do período neolítico a ambientes de escritório contemporâneos.
Segundo Dunbar, sua definição de "amigo" é aquela pessoa com a qual outra pessoa se preocupa e com quem mantém contato pelo menos uma vez por ano.

sábado, 11 de setembro de 2010

64% das universitárias brasileiras estão insatisfeitas com o corpo

Quase 50% das alunas com peso adequado querem ser mais magras. Jovens da Região Norte são as que desejam os menores padrões ideais.

Quase dois terços das universitárias brasileiras não estão satisfeitas com seu corpo. A conclusão é de pesquisa que avaliou 2.402 alunas – todas da área da saúde – de 37 instituições das cinco regiões do país. Quase metade das entrevistadas com peso ideal também gostaria de ser mais magra.
O trabalho ouviu alunas do 1º e 2º anos dos cursos de enfermagem (59% do total), psicologia (15%), farmácia (12%), fisioterapia (9%), biomedicina (2%) e fonoaudiologia (1%).
A avaliação da satisfação corporal foi feita por meio da escala de silhuetas de Stunkard, uma ferramenta consagrada em pesquisas da área que traz nove figuras retratando formas corporais diferentes (entenda o passo a passo do estudo no infográfico abaixo).
Os formulários – e dados de idade, peso e estatura – foram preenchidos pelas próprias alunas em sala de aula.
Do total nacional, 64,4% das universitárias desejavam ser mais magras. Mesmo entre as eutróficas (com índice de massa corporal adequado), 47,8% escolheram figuras menores do que a figura que, em sua opinião, melhor representava seu corpo atual.
Curiosamente, as estudantes escolheram como saudáveis figuras maiores que as ideais.

Diferenças regionais
Para a figura ideal, as estudantes do Norte escolheram as menores e as do Centro-Oeste, as maiores. A maior diferença entre as figuras atual e ideal foi encontrada no Norte e a menor, no Centro-Oeste.
“Não esperávamos verificar essa discrepância maior no Norte. Nossa primeira hipótese é que fosse pior em São Paulo e no Rio”, disse ao G1 Marle Alvarenga, nutricionista da Universidade de São Paulo.
A pesquisa foi conduzida por Marle e por Sonia Philippi, Barbara Lourenço, Priscila Sato e Fernanda Scagliusi, especialistas da USP (Instituto de Psiquiatria e Faculdade de Saúde Pública) e da Universidade Federal de São Paulo (Departamento de Ciências da Saúde, campus Baixada Santista).
Clique aqui para baixar a pesquisa na íntegra (pdf, 8 págs.).

No caso de Natália Chaves, estudante de Relações Públicas na PUC de Campinas (SP) com 22 anos, 1,63 de altura e 65 quilos, a vontade de mudar começou cedo, aos 17 anos. “Eu era magrelinha, engordei 18 quilos, perdi peso, mas nunca voltei ao que era antes. Hoje em dia eu tento emagrecer por estética e por saúde. Sou nova e tenho colesterol alto”, conta.
“O meu ideal de peso seria uns 12 quilos abaixo. Não é uma pressão dos outros. É uma pressão minha. Meu marido não acha que eu deva perder muito peso.”
A universitária não vê sua preocupação como algo incomum. “Se você pegar 90 meninas da minha sala, todas lindas, todas vão querer mudar alguma coisa no corpo. Eu não sou gorda. Mas há muitas amigas minhas que eu adoraria ter a barriga de uma, a perna de outra, o cabelo de outra. As comparações são inevitáveis.”

Amizade com obeso eleva chance de também ficar obeso em 171%

A obesidade aumentou substancialmente nos últimos 30 anos, gerando diversas hipóteses sobre o fenômeno mundial. Talvez uma das mais criativas que já ouvi é a de que a obesidade seria transmitida por uma forma de contágio social. Estariam os seus amigos te deixando gordinho? Por incrível que pareça, a resposta parece ser positiva.
A ideia de redes sociais influenciando no comportamento humano vem de um colega meu na Universidade da Califórnia em San Diego, James Fowler, e de seu colaborador de Harvard, Nicholas Christakis. Juntos, desenvolveram uma série de pesquisas sobre o assunto e publicaram os resultados no livro “Connected”, que recomendo com veemência.

 Os resultados mostram que, se uma pessoa fica obesa, as pessoas relacionadas com ela aumentam significativamente as chances de também ficarem obesas. Surpreendentemente, o maior efeito não é entre pessoas da mesma família ou que vivem na mesma casa, mas entre amigos. Não aquele conhecido, ou colega superficial, mas aquele que tem um significado real para você.
Se seu melhor amigo torna-se obeso, suas chances de também ficar obeso nos próximos dois anos aumentam em 57%. Caso aquela pessoa também o considere como um melhor amigo, a probabilidade salta para 171%. Entre irmãos, a chance de um ficar obeso caso o outro engorde é de 40%, e entre casais, de 35%. Pessoas do mesmo sexo têm mais influência sobre a outra do que pessoas do sexo oposto.

Os resultados saíram de um banco de dados de outra pesquisa, sobre as chances de doenças cardíacas, com dados acumulados durante 32 anos e que envolveu 12.067 adultos. Os autores conseguiram mapear as conexões sociais desses indivíduos, elaborando a base para o estudo da obesidade. Desse mesmo banco de dados, puderam concluir que a diminuição do tabagismo não foi responsável pela epidemia de obesidade nos Estados Unidos.
As causas dessa observação também foram investigadas. Uma das razões excluídas foi a de que nos pareamos com pessoas fisicamente parecidas, com peso semelhante. Efeitos contextuais, como geografia, presença de uma academia ou McDonald’s na esquina também foram eliminados. O impacto das redes foi independente de a pessoa morar no mesmo continente ou na mesma vizinhança. O efeito parece ser mesmo causal e não apenas consequência do ambiente.

A explicação parece estar no inconsciente do que denominamos “obeso”. De alguma forma, o cérebro interpreta a norma de saúde baseando-se naqueles com quem interagimos. Essa interpretação influencia no quanto comemos, nos exercitamos ou mesmo o que consideramos estar fora do peso ideal. Isso mostra que as redes sociais parecem muito mais fortes do que imaginamos, superando até mesmo a ação da mídia.
Fowler tem confirmado seus achados usando ferramentas online de redes sociais como o Facebook. Ele usa as fotos dos usuários para estimar o índice de gordura da pessoa e os amigos para montar e analisar a rede. Até agora, os dados estão aparentemente confirmados em diversas partes do mundo, dando suporte à influência social no controle do peso.

 As implicações dessas conclusões são profundas. Os efeitos da rede são observados mais nitidamente nos três primeiros níveis de separação (no amigo do amigo do amigo). Decisões de saúde devem, portanto, considerar esse tipo de dinâmica. Assim, quando ajudamos uma pessoa a perder peso, estamos na realidade ajudando outras ao mesmo tempo. Perder peso em um grupo de amigos também parece ser mais eficiente do que tentar sozinho. O mesmo vale para parar de fumar, começar a prática de exercícios etc. Outra implicação é que não só a obesidade é contagiosa socialmente, mas também a magreza.
Mas tudo em biologia é mais complexo do que se imagina. Uma nota aos leitores que sairiam correndo para cortar a intimidade com os amigos gordinhos: cada amigo que você tem, independente do peso, contribui para transformá-lo em uma pessoa mais feliz e viver mais tempo. Mais vale ajudar o seu amigo a perder peso do que perdê-lo de vez.